Bafrika - ColágenoAfro
Bafrika é uma exposição solo comemorativa de dez anos da realização de fotografias realizadas em Togo, África - no ano de 2013 - e na Bahia nos anos seguintes. Com raízes ancestrais fincadas no Brasil e na África, o fotógrafo Wendell Wagner revisita fotografias que fez lá e cá e as funde em colagens que o aproximam do seu sentimento de pertencimento neste mundo. As imagens trazem cenários da Bahia e abstrações que dialogam com retratos de africanos fotografados em Aného e Lomé, no Togo, Oeste da África. As possibilidades de juntar mundos, pessoas, objetos, elementos da natureza e transformá-los em novas imagens idealizadas é o que torna real as narrativas propostas no projeto ColágenoAfro. "A emoção de ter pisado em solo africano me toma até hoje com a mesma sensação que me veio ao estar em uma rua comercial de Lomé, capital do Togo, e me deparar com sua população que dizia muito sobre mim. Era um mar de gente preta ondulando sobre o asfalto, concreto e terra vermelha e, mesmo morando em Salvador, o impacto que aquele acontecimento reverberava em mim era mais forte e familiar do que estar onde nasci. Era confortável estar num mundo novo em que, mesmo não entendendo seus diversos idiomas, me trazia imensa alegria em estar ali, pois era tomado de uma representatividade acolhedora, mesmo sendo um estranho para eles. Tudo era diferente, mas me trazia familiaridade; o sol, encoberto por uma névoa, era sempre uma bola vermelha redonda, muito bem desenhada no céu, independente do horário; as multidões que ocupavam os espaços divididos entre motos, transeuntes, carros, carroças e a força das mulheres equilibrando muito peso em suas cabeças - ornamentadas por perucas e suportes - para levar suas mercadorias. Os milhares de morcegos gigantes pendurados nas árvores e voando no alvorecer do dia; manhãs de domingo em que a orla marítima estava repleta de pessoas fazendo as mais diversas atividades físicas, a pescaria e puxadas de redes e pessoas se banhando de roupa no mar. A recepção, logo no primeiro dia, de um ritual Vodum, após percorrer uma estrada que ligava a capital a uma cidade vizinha que trazia uma paisagem que revelava costumes e modos de vida, além da natureza abundante e no horizonte, uma floresta de baobás. Ao fim da tarde, o início do festival de dança, que trazia espetáculos do continente africano e além mar, trazendo mais encantos e magias para o que acontecia." A união desses aspectos com minha vivência na Bahia, deram forma às colagens que trazem de fundo, quase sempre, uma paisagem baiana ornamentadas com pessoas e elementos que dizem muito sobre sonhos, projeções, conhecimentos, espiritualidade, viagens, admiração pelos astros do universo e sobre o que meu olhar fotográfico apreende do mundo, criando novas experiências conectando peças espalhadas pela mente e o ambiente que me sufoca e me traz respiros.